sábado, 5 de abril de 2014

Amantes Visita Circus

É bom não esquecer daquilo que nos nutre, de nossas verdadeiras paixões por mais simples que elas sejam, de criar momentos de conexão com nós mesmos, com aquilo que somos e com aquilo que nos dá prazer, reencontrar-se, conhecer pares, agregar. 
No meu caso, já sabemos que o algo que me nutre, o meu pulsar é a minha paixão pela delicadeza, pelo acolhimento, pela gentileza, pelo olhos nos olhos, pela sinceridade no sorriso, pela despretensão dos encontros ... pelo acaso que a vida vai tecendo em linhas finas e douradas.
Escrevo isto para lembrar a mim mesma e ao mesmo tempo servir de exemplo de resistência, pois sim, também tenho um trabalho formal de 40 horas semanais com carteira assinada, também vivo nesta cidade maluca e deliciosa que nos consome, também tenho questões pessoais, medos, frustrações, timidez, me auto saboto e tudo isso que todos passamos ... só não deixamos transparecer em nossas fotos publicadas, mas que passamos ... ô! se passamos. E mesmo assim é preciso criar frestas, janelas, refúgios, proporcionar-se mimos dos mais bonitos e pomposos, permitir-se ser bem tratada e querida.


Nesta sexta feira após um dia comprido de trabalho encaminhei-me para a Rua Augusta que parece cada vez mais cheia, atravessei o mar de gente nas calçadas, ouvindo o alvoroço das pessoas tomando cerveja, vendo a beleza ou não da escolha de suas roupas para aquela noite, desci a rua a passos apressados, desviando, jogando a cintura ... certo sufoco de sexta depois das 20h, mas cheguei.
Cheguei ao meu destino, ao Circus, um espaço bastante indefinível e um tanto acolhedor. Fui recebida literalmente da melhor maneira possível pela Pati Saito com quem havia trocado alguns emails informando sobre o interesse de minha visita e contando um pouco sobre o Amantes e ela prontamente me acolheu levando-me para o piso superior do espaço aonde funciona um pequeno Pub e foi trazendo muitas informações sobre como começaram, pelas influencias trazidas  de  uma viagem a Londres, sobre como começou sua história com brechós, sobre o cuidado com as peças, sobre o caráter educativo de vender peças antigas de segunda mão explicar e fazer com que as pessoas entendam as nuances do consumo consciente,  sobre o conceito tão original que une pub, brechó, espaço de beleza, exposições de arte, apresentações musicais e provavelmente muitas outras coisas inusitadas que desejo descobrir brevemente.


 Conversamos um pouquinho e logo fui convidada a lavar as madeixas que estavam pra lá de precisadas de um bom corte e eu já aproveitei o ensejo e assim, aquilo que já se configurava como acolhimento e bom tratamento (por sinal desde o dia em que liguei pra marcar o corte e fui atendida de modo muito atencioso) foi desenrolando-se naturalmente, da lavagem dos cabelos acompanhada por uma massagem rápida e precisa que imediatamente nos conecta a outro tempo até a realização do corte em si, tudo isso com pequenos mimos e detalhes que nunca me escapam aos olhos e pra mim fazem toda a diferença: como as charmosas penteadeiras, a capa de poá, o cheirinho bom do shampoo e a atenção plena de todos que me atenderam. 

E depois já com um corte novo que adorei (!) continuamos o papo e pude dar uma espiadinha no acervo de peças diferenciadas, adoro observar e ir desvelando o olhar de quem realiza a curadoria, imaginar os filtros para escolher determinadas peças. Achei bem interessante o fato de haver um acervo masculino de gosto bastante criterioso que segundo a Pati não está a procura de peças corriqueiras e se encanta por gravata borboleta e camisa florida, tudo muito bem exposto em armários antigos pintados de preto entre máquinas de flíper, pessoas pintando os cabelos de azul tomando uma cervejinha por conta da casa pra quem realiza algum procedimento de beleza, gente combinando o que vai fazer daqui a pouco e funcionários que aparentam estarem bastante satisfeitos com aquilo que ajudam a construir. 
Foi realmente uma delícia passar aquela uma hora recebendo um excelente atendimento a preço justíssimo inclusive e criando uma brechinha pra poder relaxar, esquecer os pesares e sair de lá me sentindo muito mais bonita e leve de que quando entrei.

Serviço:

Visitei o Circus Rua Augusta 1365, mas também tem uma unidade na Rua Pamplona 1115.

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